Saci ensina a boa higiene em cartilha dos anos 20

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Por Andriolli Costa

À sombra de uma árvore o povo se reúne para ouvir sobre boas práticas de higiene e asseio. Quem fala, na imagem, não é um boticário ou médico itinerante, mas o saci pererê. Sob a sua bancada repleta de escovas e sabonetes uma placa exalta a importância da palestra: “Pela felicidade e grandeza do Brasil”.

Esta é a arte que ilustra a capa da Cartilha de Hygiene publicada nos anos 1923 pela Monteiro Lobato editora. Trata-se de um livreto assinado pelo médico Antonio de Almeida Junior destinado à ensinar os preceitos básicos de higiene para os alunos da educação primária. Ao longo de mais de duas décadas, foram impressos 43 mil exemplares.

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Sabemos que Lobato já havia se engajado na disseminação da educação sanitária com a publicação de Jeca Tatuzinho naquela mesma década – uma reviravolta no preconceito que manifestou quando criou o personagem do Jeca enquanto estereótipo da preguiça, ainda em 1914. Interessante é ver como sua editora também se voltou para isso criando interface com sua outra obra, o Sítio do Picapau Amarelo. Afinal, o mesmo ilustrador da Cartilha de Hygiene, o cartunista Belmonte, também fez as primeiras artes do Sítio.

Na cartilha, uma das histórias ilustradas traz o duende perneta ajudando a espalhar as chamadas “regras de ouro”: O sono, o banho diário, a escovação dos dentes, a alimentação, o consumo de água, as brincadeiras ao ar livre e a evacuação.

Curiosamente esta não foi a única vez que o saci foi lembrado em uma ação educativa. A propaganda “Faça xixi no banho”, da fundação SOS Mata Atlântica também trouxe o mais famoso mito brasileiro ensinando que há momentos em que não é preciso desperdiçar uma descarga.

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2 Respostas para “Saci ensina a boa higiene em cartilha dos anos 20

  1. Gostaria de saber se vcs tem uma copia digitalizada da cartilha. Estou escrevendo um livro sobre Lobato e o sanitarismo, e seria de grande ajuda.

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