[#Saci100] A Peleja do Pererê contra os comentaristas de portal

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Texto da Revista Saci Pererê – 100 anos do Inquérito. Clique aqui para ler e baixar.

Por Andriolli Costa

Em agosto de 2015, aproveitando as celebrações do mês do Folclore, o G1 publicou uma matéria produzida pela afiliada da Globo no interior de São Paulo. “Empresário diz que cria 17 casais de sacis em sítio” traz uma entrevista com Edson Wagner, de Porangaba/SP. Integrante da Associação Nacional dos Criadores de Saci ele relata que sua propriedade vivem diversos sacis da espécie Siriri – aquela que só tem a perna esquerda. Conta ainda que o saci é invisível, por isso ninguém consegue ver mesmo preso na garrafa.

A divertida matéria não gerou comentários sobre a ludicidade e o encantamento que Edson promove. Muito pelo contrário: a grande maioria se não questionavam o portal – e seus replicadores – pela inutilidade de uma matéria sobre fatos inverídicos, era permeada por comentários sobre supostas doenças mentais ou consumo de drogas que geraria tamanhas “ilusões”.

Tive a oportunidade de protagonizar um caso semelhante pouco mais de um ano depois, quando a edição de dezembro de 2016 da Revista Piaui apresentou a matéria “A peleja do Pererê contra o Grúfalo”.

O cenário da matéria é a Feira do Livro de Porto Alegre, onde num concurso de contadores de histórias ensino a criançada a colecionar sacis, enquanto minha colega conta a história O Grúfalo, da britânica Julia Donaldson. O foco alterna entre a contação, as histórias de saci que sempre acompanharam minha família e as palestras sobre saci que apresento pelo país.

“Esse aí é tão palestrante quanto o Lula”, levanta um dos leitores quando a matéria foi compartilhada pela Folha de S. Paulo no Facebook. Maconheiro, desocupado, débil mental foram alguns dos adjetivos que coroaram a postagem. Sem falar em “acusações” de ser petista, esquerdista, marxista e suas variações. “Palestra sobre Deus ninguém faz”, arremata um comentarista.

Ignorando as ofensas, podemos pensar na centralidade dos argumentos: pensar e falar da cultura é perda de tempo, de dinheiro e de capacidade cerebral. É pauta comunista. E saci, ainda, certamente é “coisa do diabo”.

Se alguma lição fica destas manifestações é que iniciativas pela valorização desta cultura identitária é cada vez mais importantes nos tempos extremos de intolerância e ignorância que vivemos.

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